Equipe do DefesaNet
Além de dominarem áreas da Amazônia
as gangues estão interagindo com as polícias, governos e até judiciário.
Os assassinatos nos presídios nos Estados Norte, Nordeste e no Sudeste e o caos nos Espirito Santo e Rio de Janeiro tem pontos comuns e outros totalmente divergentes. Embora todos estejam alinhados a questão do crime organizado, um Estado paralelo formado por organizações criminosas ligadas tanto ao narcotráfico, às polícias estaduais como aos políticos. A revelação não chega a surpreender, mas é parte das respostas obtidas pelos serviços de inteligência, que estão à frente das investigações sobre os recentes episódios no país.
O DefesaNet conseguiu com exclusividade depoimentos de agentes que estiveram nas operações de desmantelamento e identificação das gangues criminosas e das razões dos levantes. Para os investigadores da inteligência, o crime organizado tomou conta de parte do país e está muito bem estruturado, inclusive sob bandeiras políticas como as dos partidos de esquerda.
Segundo informações, as rebeliões no Amazonas e parte dos conflitos no Nordeste estão longe de apenas ser uma briga por controle de tráfico de drogas envolvendo PCC (primeiro Comando da Capital), CV (Comando Vermelho) e Família do Norte. A situação passa desde o controle dos presídios até a grilagem de terra, entre outras questões de gravidade ímpar.
“Os noticiários fizeram novamente o jogo dos marginais, simplificaram e reduziram o problema à uma questão de bandos de criminosos disputando pontos de tráfico de drogas. Isso beira ao ridículo em termos de reducionismo de um quadro gravíssimo, que estamos vivendo, praticamente de suspensão dos direitos civis em vários pontos do país. Estou falando de coisa pesada, de tráfico intenso de armamentos pelo Acre via Bolívia e Venezuela, principalmente por Roraima, de ouro e diamantes, que estão sendo extraídos dentro de reservas indígenas por organizações criminosas e a busca por estabelecer ‘franquias’ do crime organizado em outros países”, ressaltou a fonte.
A questão amazônica começa pela traçado das rotas de tráfico, pela constituição de campos do pouso no meio da floresta e pela aquisição de terras e a constituição de fazendas tanto para a criação de gado como para a lavagem de dinheiro. As organizações criminosas hoje são donas, além do morro no Rio de Janeiro, das favelas do Espírito Santo, dos mega presídios de São Paulo ou da periferia de capitais como Manaus, João Pessoa e Fortaleza.
“O dinheiro que é movimentado por estas gangues é alto, algo espantoso, são empresários do crime e conquistaram uma rede de colaboradores e apoiadores imensa. Os Super Tucanos da FAB tem sido alvos de tiros de armas antiaéreas (o DefesaNet questionou o patrulhamento do espaço aéreo da Amazônia), não tem mais aquilo de voar com Cessna e colocar um indiozinho na janela para não levar tiro, esse tempo já passou. Isso foi lá no começo da Lei do Abate, agora o cenário é outro”, observou o agente.
O que impressionou a inteligência é o grau de sofisticação, que em pouco tempo os criminosos conseguiram reunir condições de criar um exército altamente preparado e equipado para atuar dentro da floresta amazônica. Em vários casos, os militares e a Polícia Federal tiveram que escoltar cientistas brasileiros e estrangeiros que estavam promovendo estudos em regiões agora ocupadas pelas ‘empresas do crime’.
“Hoje eles têm acampamentos no meio da selva, que se locomovem com uma agilidade impressionante, e usam armamentos antiaéreos leve, o que você imaginar em tecnologia de solo. Tanto que já derrubaram um dos nossos aviões e empregam táticas militares. Temos um quadro de guerra de selva e que o Exército está enfrentando dificuldades para rechaçar, esses bandidos são treinados por profissionais, nós encontramos indícios que membros da FARC (Colômbia) e do antigo Sendero Luminoso (Peru) foram contratados para aperfeiçoar as técnicas de combate. Embora eu não descarte que haja indígenas e ex-militares brasileiros das Brigadas de Selva no meio dessa gente”, revelou a fonte.
Para o agente de campo, a questão do Norte do país e parte do Nordeste se resume a esses tópicos. Embora esteja fisicamente distante, o conflito no Espírito Santo explodiu quando uma parcela das atividades criminosos na Amazônia foi domada e sufocada. Segundo ele, as ações no Sudeste do país foram coordenados por pessoas com visão estratégica aguçada e bem preparados para desmobilizar em uma localidade e remontar um novo cenário em outro local, ‘fraturando’ as forças táticas.
“No Espírito Santo houve uma negligência medida, se demorou demais para chamar o Exército, a situação estava totalmente fora de controle. Aquele aquartelamento dos policiais militares facilitou e estimulou a criação de um cenários de caos total, de ausência do Estado, de chegarmos e encontrarmos dezenas de corpos em avenidas. Houve a organização de milícias pagas por empresários, de policiais que saíram dos quartéis para acertar contas de dívidas com criminosos, de criminosos matando familiares de policiais, aquilo virou um verdadeiro inferno e os políticos ficaram assistindo até o último minuto, fingindo que tinham controle sobre aquilo. Ali tinha mesmo que tocar o Estado de Sítio e descarregar sobre quem surgisse na mira. Não havia outra maneira de se obter resultado”, revelou.
Cultura da Morte
“A morte será nosso instrumento de
Poder”
Frase atribuída a Pablo Escobar, quando entrou em guerra total contra o Governo Colombiano tentando evitar a extradição para os Estados Unidos.
A quantidade de mortes nos conflitos nas prisões de: Manaus (56), Roraima (33) e Rio Grande do Norte (26) . Os números incríveis da mortes no Espírito Santo, alcançando 176, até 23FEV2017.
Cumplicidades ente Políticos, Polícias, Milícias e Gangues levou a um show macabro. A participação da imprensa também tem sido observada, em especial órgãos que dão apoio a partidos de esquerda e em especial o PCC.
Outro ponto que preocupa os analistas é a crescente tendência de cobertura da imprensa ser negativa às ações das Forças Armadas nas ações de Garantia da Lei e da Ordem. O grupo Folha e a Rede Globo, no afã de atacar o governo colocam-se em posição crítica às Forças Armadas. Mas, na prática, só amplificam e reforçam as ações das gangues.
Outro mais sutil é a crescente posição dos governos estaduais, de simplesmente omitirem-se nas atividades de Segurança Pública, tentando jogar os ônus para o Governo Federal. Esta tendência é seguida também pelos judiciários, que estão omitindo-se em julgar as ações ligadas às principais gangues.
Um fato simples que ilustra esta tendência foi a posição do Presidente do Tribunal de Justiça do Estado do Rio Grande do Sul, que ao receber a convocação da presidente do STF, a Ministra Carmen Lucia, para discutir a questão da Segurança Pública,feita a todos os Presidentes dos Tribunais de Justiça Estaduais, correu para reuniões sem significado no interior do estado para não viajar à Brasília.
DefesaNet
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