quarta-feira, 6 de novembro de 2013

“Democracia” pluripartidária e seus vícios centenários


Corroborando o que venho afirmando há anos, de que a corrupção, já em processo de podridão, existente em quase todos países ditos democráticos, tem suas raízes no acobertamento que os partidos dão para seus “sócios”.
Inicia, que os donos desses partidos ao selecionar candidatos para os pleitos previstos, escolhem “à dedo” os que os representarão, sempre à revelia dos filiados,  e ao povo só cabe referendar um deles. Mas como miséria pouca é bobagem, acabamos levando a culpa pelos desmandos praticados pelos eleitos, pois de acordo com “cientistas políticos”, não sabemos votar. Nos enganam e ainda por cima nos culpam pelas mazelas do país.

O site/Revista Congresso em Foco do dia 29 de outubro, através do colunista * Pedro Valls Feu Rosa, nos traz essa reportagem que bem demonstra os vícios de um sistema apodrecido:

 “A frase é de Nelson Rodrigues: “O Brasil é muito impopular dentro do Brasil”. Assim, tudo que diga respeito à nossa pátria logo recebe os adjetivos “esculhambado”, “avacalhado” etc. Nosso grande sonho, acalentado desde a infância, é chegar ao sério “1º Mundo”, no qual tudo funcionaria melhor.
Fiquei pensando nisso há poucos dias, quando li que Willie Bean se candidatou à prefeitura de Fairhope (EUA) – trata-se de um cachorro da raça Labrador. Aliás, ainda sobre eleições, deu empate na de Cave Creek, também nos EUA. A solução? Decidiu-se a vaga através de um jogo de baralho! Fiquei pasmo ao ver a fotografia do juiz da cidade embaralhando as cartas diante dos dois candidatos ao cargo.
Não menos curiosa é a Constituição do Arkansas (EUA), a qual previa que “nenhuma pessoa idiota ou maluca pode votar”. Sugeriu-se, recentemente, uma mudança nesta lei, proibindo que idiotas se candidatem a cargos públicos.  Enquanto isso, na Romênia, os eleitores devem ter achado todos os candidatos idiotas, e decidiram eleger Neculai Ivascu – um morto!
Na conceituada Coréia do Sul descobriram 134 servidores públicos  pelas ruas distribuindo dinheiro e presentes a eleitores, buscando a reeleição dos políticos que os contrataram. No Reino Unido, anunciou-se que os eleitores que comparecessem às eleições locais seriam premiados com televisores, iPods e até vales para compras de supermercado. Diante da repercussão na imprensa, o governo inglês defendeu-se dizendo que a ideia já era utilizada nos EUA, onde são distribuídas até galinhas para os eleitores. Na Rússia, registrou-se que o partido “Rússia Unida”, do presidente Putin, estava a distribuir mochilas e até garrafas de vodca para os eleitores. E nos EUA jornais denunciaram que um dos candidatos a prefeito de Nova York gastou US$ 85 milhões em sua campanha.
Para completar, na China os eleitores da cidade de Dingmei foram às ruas protestar contra a falta de corrupção eleitoral. Em diversas entrevistas, os moradores declararam sempre ganhar dinheiro e presentes dos candidatos, algo que não aconteceu nas últimas eleições em função de uma promessa religiosa feita por estes, e que desagradou a todos.
No sério Japão, os jornais denunciaram que os membros do Congresso Nacional embolsaram um salário de R$ 45 mil por apenas dois dias de trabalho no mês de agosto do ano passado. No México, denunciou-se que os parlamentares apreciaram apenas 2,6% dos projetos que lhes competiam durante um período legislativo inteiro. Na séria e conceituada União Européia, um eurodeputado alemão tornou públicas as provas de que em 7,2 mil casos seus colegas assinaram a lista de presenças logo de manhã e foram embora para casa, recebendo sem trabalhar.
Na Argentina, uma ONG levou à justiça o caso de 17 listas de frequência do Congresso Nacional, que davam como presentes às sessões deputados que estavam em Brasília, Nova York e até nas Filipinas. No Japão, denunciaram em 2008 que nada menos que 150 parlamentares viajaram para o exterior durante as férias por conta do governo. E na Índia explodiu o escândalo dos parlamentares que receberam propostas de venda de votos a troco de R$ 1 milhão.
Diante deste quadro, que tal olharmos com um pouco mais de carinho e esperança as nossas instituições, nos situando no mundo com mais justiça?  Afinal, e volto a citar Nelson Rodrigues, “nossa tragédia é que não temos o mínimo de autoestima”.
* Pedro Valls Feu Rosa é desembargador há 18 anos e atual presidente do Tribunal de Justiça do Espírito Santo (TJES).

Na Grécia antiga eram os cidadãos, que reunidos em praça pública, votavam diretamente as regras do jogo. Depois, passaram a admitir representantes para grupos de cidadãos com pensamento igual. Esses representantes tinham a defender as idéias de quem os nomeava, mas que no caso, eram os próprios eleitores. Foi no século 17 que os ingleses, criando partidos, absorveram os representantes, sendo esses então nomeados pelos partidos e não mais pelos eleitores.
Acontece que os partidos eram e são dominados por interesses que dificilmente caminham na mesma direção dos cidadãos. Quanto aos filiados à determinado partido, os pensamentos só coincidem com os dos donos em partidos radicais e ideológicos,  quando a verdade deles é a única que existe e prevalece, ao ponto de aniquilarem os contrários, ou no mínimo, calá-los. Para isso ainda servem os partidos. Dominação. Sem falar, óbvio, da necessidade de MUITO dinheiro para seu sustento e o de seus donos.
O que o colunista nos expõe é uma triste realidade. Somos roubados e ridicularizados pelos partidos e seus políticos escolhidos entre fichas sujas, quanto mais sujas melhor. Toda defesa deles se baseia em que a democracia não pode funcionar sem ser através das suas quadrilhas. Isto chama-se sofismar. Uma autentica falácia.

A sociedade precisa debater uma nova estrutura de Poder, mas para isso não pode contar nem confiar naquilo que chamamos de Congresso Nacional. Desses 513 deputados e 81 senadores, poucos concordarão em rever conceitos e disputar eleições sem ser amparados e acobertados por partidos e financiadores privados, sem contar que os ocupantes do Poder também usam e abusam de dinheiro público para se auto-promoverem, não só em época de eleições, mas durante todo mandato.

Num novo paradigma, esses atuais “usuários” teriam que concorrer com quem ostenta currículo e não folha corrida e não mais teriam um “caminhão” de dinheiro para sustentar suas ridículas e esdrúxulas candidaturas.
Sei e apoio que o site/Revista Congresso em Foco tenha, juntamente com deputados e senadores eleitos como destaque do ano em enquete promovida pelo site/Revista, proposto um projeto à que deram o nome de Projeto suprapartidário por um novo Brasil”. Aguardarei o anúncio das regras definitivas para tal projeto, mas antecipo que se ficar na mão dos políticos, é projeto natimorto.

Um desses políticos já antecipou que vai propor a criação de comissões para elaborar esse projeto: “Constituiremos grupos técnicos para que essas propostas sejam apresentadas não individualmente, mas como iniciativa do grupo.” Cada vez que o Poder Público se propõe a criar comissões para analisar alguma coisa, é sinal de que tudo ficará como está, quando muito algum retoque cosmético, anunciado depois com bastante alarde, no mais autêntico engana trouxa.

Toda e qualquer mudança para valer, terá que começar por eliminar a intermediação dos partidos políticos e suas “ideologias” regadas à dinheiro, muito dinheiro. Uma, que não precisamos mais de ideologias, uma mais canhestra que a outra e que só servem para dividir a sociedade em classes. E outra, que entramos no século 21 e até hoje os tais partidos continuam atuando mais para dividir do que para somar. Para somar, as tais bases aliadas – muito mais para enlameadas - cobram somas exorbitantes e como sempre extorquidas dos cofres públicos.

Ou acabam com essas tramóias legalizadas ou tudo continuará como está e a iniciativa do Congresso em Foco será mais uma oportunidade desperdiçada. Seria lamentável.


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