segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

Assim caminha a Minha Casa Minha Vida

por Martim Berto Fuchs

Dois são os motivos que podem fazer o programa “Minha Casa Minha Vida” fracassar, basicamente os mesmos que levaram ao fim o BNH, lamentavelmente, e que podem inviabilizar novamente um programa voltado para um dos itens básicos da dignidade humana, a habitação.

1. Especulação imobiliária, como todas e um dos pilares do capitalismo selvagem, não satisfeita com o artifício de burlar a lei da oferta e procura, o tão badalado mercado, com a formação de cartéis de imobiliárias, investe de forma despudorada e sem vergonha na especulação de terrenos para a construção de casas populares. Tem sido uma verdadeira mina de dinheiro para esses expoentes do que chamo de capitalismo selvagem, apologistas do deus lucro acima de todas as coisas.
Detentores de capital para tanto e com informações privilegiadas sobre o futuro desenvolvimento da cidade para moradias populares, compram todas áreas passíveis de se transformarem em loteamentos, por valores irrisórios, e aguardam o momento propício para solicitar a constituição de loteamento. Depois, basta passar a patrola para descascar a grama, delimitando o que eles chamam de ruas, “infra-estrutura”, demarcar os lotes e vender por até 20 vezes o valor de compra, isto tudo no mesmo ano. Conseguem a proeza de fazer o lote custar mais do que a obra a ser assentada, em locais onde a área não tinha valor.
Quando a turma que quer transformar o Brasil num grande “paraíso comunista” entra em ação,  esses mesmos “democratas capitalistas”, defensores das leis de mercado, MANIPULADO, se defendem aos gritos contra os usurpadores da propriedade alheia.

2. Seja por tentar calçar um pé tamanho 42 num sapato nº 40, as “construtoras”, em grande parte picaretas sem nenhuma estrutura, seja financeira ou administrativa, constroem “casas” que se adéquam aos valores financiados pela CEF, casas que não tem a mínima condição de se agüentarem em pé até o fim do financiamento, 250 meses.
Ou, seja por ganância e má fé, cobram valores em sinal de negócio, amarrando o cliente e exaurindo suas já parcas economias, e que no desespero de um teto sobre a cabeça da família, aceitam assumir as casas inacabadas.  Inacabadas porque o valor que sobrou para a construção das mesmas não permite o término da obra, pois o valor do terreno consumiu a maior parte, e que o comprador de baixa renda terá que concluir, mesmo pagando por 20 anos o valor de uma casa pronta e teoricamente bem construída.

Moradia popular é questão de dignidade humana, motivo pelo qual o Governo federal e já alguns estaduais, subsidiam parte do valor, para viabilizá-las àqueles que de outra forma morariam em casas de papelão num beco qualquer.

O novo Ministro das Cidades, à quem ironicamente o programa em questão está subordinado,  escondeu o fato da Justiça Eleitoral de que participa de duas empresas na área da construção civil e incorporação de imóveis, justamente por que ali o lucro é exorbitante, passando da categoria de lucro para o de assalto à mão desarmada, demonstrado pela sua variação de patrimônio, candidamente declarada no seu Imposto de Renda. Colocaram mais uma vez um raposão para cuidar do galinheiro. Por que será ?

Não se trata mais de modificações na Constituição e sim na modificação de conceitos. O contrato social sob o qual vivemos no Brasil, venceu, apodreceu, fede. Só um novo, sob nova ótica, nos redirecionará para o futuro que não chega, não obstante a propaganda oficial de que já chegou; mais uma deslavada mentira diariamente difundida, iludindo a maioria desinformada e sempre vítima dos moradores plantonistas dos palácios.


2 comentários:

Anônimo disse...

Os programas habitacionais dos governos geralmente falham porque sempre querem escolhler onde a pessoa deve morar, evitando colocá-la perto do seu local de trabalho. O morador acaba vendendo ou alugando a casa, e procura um barraco perto do seu local de trabalho.

Admin disse...

Infelizmente os loteamentos cada vez mais se afastam da cidade, aumentando a distância da casa ao trabalho. Triste realidade. Terrenos isolados nas áreas urbanas estão absurdamente caros. Única solução para isto, deveria ser a incrementação organizada do transporte público.
MBF.