sexta-feira, 14 de fevereiro de 2020

Ameniza-se a relação Brasil - Argentina

Guido Nejamkis

Assim, aliviada, se sentia toda a delegação argentina, após encontro com o presidente Jair Bolsonaro e o chanceler Ernesto Araújo. O alívio incluiu o chanceler Felipe Solá, o secretário de Assuntos Estratégicos, Gustavo Béliz; o secretário de Relações Econômicas Internacionais do Ministério das Relações Exteriores, Jorge Neme; e o embaixador designado em Brasília, Daniel Scioli.

“Houve um grande avanço em todos os eixos em que trabalhamos. Todas as questões abordadas foram descomprimidas. Eles entenderam a realidade argentina e nós, a brasileira”, afirmou Solá, que é ex-governador de Buenos Aires.

Felipe Solá disse que a missão que liderou causou uma mudança profunda no relacionamento com o Brasil.

“Sim [houve uma mudança]. Tem coisas que se entendem quando a gente está aqui ou quando eles vão para a Argentina. E esta reunião foi muito importante para isso. Para entender algumas realidades. Sim, muitas coisas mudaram, graças a Deus”, disse Solá.

Os chanceleres do Brasil, Ernesto Araújo, e da Argentina, Felipe Solá, na quarta-feira, em Brasília, onde os dois lados destacaram os avanços na relação bilateral. (EFE/ Arthur Max Ministério das Relações Exteriores).
Do lado brasileiro, o clima era parecido.

“Nossa avaliação foi muito boa. Todos os tópicos foram revisados, do setor agropecuário às telecomunicações. E a mensagem que recebemos é que o governo argentino está comprometido com uma abertura comercial do Mercosul e com negociações comerciais extrarregionais”, disse um alto funcionário do Itamaraty ao Clarín.

No governo brasileiro, esses compromissos argentinos foram bem recebidos. Incluem a busca de acordos de livre-comércio do Mercosul com outras regiões ou países e a disposição de manter a cooperação para combater o crime organizado nas fronteiras, assumida pela ex-ministra da Segurança do governo Macri, Patricia Bullrich, e o ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro.

Os brasileiros ouviram explicações detalhadas sobre a situação econômica crítica da Argentina, que derrubou as exportações brasileiras, e sobre a necessidade de apoiar as negociações com o FMIe os detentores de dívida para, uma vez concluídas, promover uma recuperação do crescimento do país que impulsione as importações.

Solá, alertado pelas reclamações dos empresários brasileiros sobre os obstáculos ao comércio bilateral, disse ao Clarín que entregou um relatório detalhado ao seu par Ernesto Araújo, indicando que nenhum pedido de importação de produtos do Brasil foi rejeitado.

A situação na Venezuela também foi abordada e todas as mensagens de Solá foram recebidas com entusiasmo em Brasília, pois expressavam uma visão coincidente sobre as características do regime de Nicolás Maduro e a necessidade de o país petroleiro realizar eleições livres, transparentes e fiscalizadas, nas quais os exilados também possam votar.

Os brasileiros comemoraram especialmente o compromisso da
Argentina de apoiar a busca de acordos comerciais do Mercosul com países de fora do bloco.

Nesta quinta-feira, o presidente Bolsonaro ratificou, em Brasília, que quer se encontrar com o presidente da Argentina, Alberto Fernández, no dia primeiro de março, no Uruguai, quando devem participar da posse do futuro presidente do país, Luis Lacalle Pou. Bolsonaro avalia ainda o pedido feito pelo chanceler Solá, de que o Brasil apoie a Argentina nas renegociações da dívida com o FMI. 


El Clarín

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