sábado, 14 de janeiro de 2017

Sem equilíbrio fiscal não há saída

André Lara Resende
(*)

A possibilidade de que o juro alto agrave de tal forma o desequilíbrio fiscal que se torne contraproducente, foi primeiro ventilada para o caso brasileiro, em 2004, por Olivier Blanchard. A chamada hipótese da "dominância fiscal" foi inicialmente tratada como uma mera conjectura teórica, logicamente possível, mas praticamente irrelevante. 7 Reapareceu, mais recentemente, com o agravamento da situação fiscal durante os últimos anos dos governos do PT. 8 Foi ainda tema de artigo de Eduardo Loyo, citado por Chris Sims no encontro dos presidentes de bancos centrais em Jackson Hole de agosto do ano passado. 9 Com o recente desenvolvimento analítico da macroeconomia, percebe-se que a dominância fiscal deveria ter merecido mais atenção e suas consequências, para a formulação das políticas monetária e fiscal, levadas mais a sério.

A hipótese neo-fisheriana, que vê no juro alto a causa da alta inflação no longo prazo, apesar de ainda mais difícil de digerir, assim como a tese da dominância fiscal, tem sólidas credenciais analíticas. Ambas sugerem que não se pode pedir da política monetária e dos bancos centrais mais do que moderar a inflação no curto prazo. Exigir que a política monetária faça, mais do que circunstancialmente, o trabalho de controle da inflação, cuja estabilidade depende, em última instância, do equilíbrio fiscal de longo prazo, pode ser contraproducente.

Sem equilíbrio fiscal não há saída.

Quando o país passa por um delicado momento político e pela sua mais séria recessão em décadas, vale a pena acompanhar, sem ideias preconcebidas, a discussão na fronteira da teoria macroeconômica. O custo do conservadorismo intelectual nas questões monetárias, durante as quatro décadas de inflação crônica do século passado, já foi alto demais.

Artigo completo no Valor Econômico

(*)Comentário do editor do blog-MBF: A leitura de um artigo desses me deixa simplesmente possesso.
Há anos defendo a tese de que o principal problema da inflação brasileira é o déficit público (despesas, pois investimento pouco fazem), que acarreta a ida do governo ao mercado, atrás de mais recursos que estão sempre faltando para cumprir com suas obrigações constitucionais.
Quem encarece o custo da mercadoria dinheiro é o governo, lei da oferta e da procura, que gasta de forma criminosa o dinheiro extorquido da população, e depois vai se suprir de mais dinheiro no mercado bancário, nos fundos de pensão estrangeiros e junto aos rentistas.
Mentem descaradamente para nós, ou são ignorantes mesmo, afirmando que os juros altos são para combater a inflação. Mentira. Pagam altos spreads porque são contumazes caloteiros e conhecidos por sua irresponsabilidade.
Essa desgraça chamada governo, com seus economistas lacaios e serviçais, já devem mais de 3 trilhões de reais, pois não conseguem poupar nem sequer para pagar os juros, que dirá o principal.
Mas não tomam nenhuma providência determinante para cortar o mal pela raiz. Continuam prometendo que daqui dois ou três anos estará tudo resolvido.

Bandidos !!! É isto que são.

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