segunda-feira, 28 de setembro de 2015

Pátria enganadora

Carlos Henrique Abrão

A Nação brasileira perplexa e acometida de sua mais grave crise vive hoje a desilusão da instabilidade da moeda, galopante inflação, desnorteio da moeda norte americana, e conta com uma inqualificável classe política, a única e maior responsável pelos descalabros da história moderna.

O jeitinho, a lei de Gérson, os privilégios de castas corporativas e as velhas capitanias hereditárias comprovam que desde o descobrimento até o século XXI as coisas se mudaram e para pior. Esse ingresso no capitalismo globalizado levou à ganância e a ambição generalizada.

Tudo se promete às vésperas das eleições mas na realidade no dia seguinte tudo se descobre que é pura enganação. O Brasil literalmente quebrado com ameaça de levar a segunda nota de rebaixamento, com um mercado acionário caquético, desprovido de regras de governança e descontrolado em todos os seus fundamentos de uma economia saudável.

Nessa catarse que nos atinge na qual as pessoas somente se apresentam para conquista de proveitos próprios temos uma sociedade desunida. Ninguém se interessa pelo coletivo, pela melhoria do País e de defesas intransigentes em prol da reconstrução da democracia esfacelada.

No exterior a nossa reputação é indizível. Os estrangeiros passam sustos quando ouvem falar do Brasil. Fundos e mais investidores já se foram e agora processam as empresas lá no exterior, com a possibilidade de acordos bilionários, mas sem caixa ou sustentação de recursos financeiros para efetivo pagamento da conta salgada.

Dora-se a pílula mas se encobre a verdade. Uma população acima de 200 milhões de brasileiros navega sem rumo, sem destino, alquebrada com tantos escândalos cuja variante será um prejuízo de um trilhão, fruto da corrupção desabrida e do não funcionamento dos nossos órgãos administrativos e da sonolência do judiciário.

Em sua manifestação, um terço do produto interno bruto foi para o ralo na perspectiva de uma reviravolta, porém a recuperação sequer atinge dez por cento de tudo surrupiado pelas quadrilhas e facções criminosas que assaltaram aos cofres de empresas de sociedade de economia mista, parcerias público-privadas, e negociatas em refinarias e outras licitações como já se encontra demonstrado pelo Ministério Público Federal.

Desenhado esse resumo da opera bufa, enquanto a sociedade não redescobrir a força da sua união e não estiver disposta aos sacrifícios, o caminho será o mesmo da pura falta de amplitude das reivindicações em direção à pressão nos representantes do povo para um novo amanhã.

Saímos há poucos meses de uma eleição com cargos para o executivo e legislativo, mas menos de um ano e tudo parecer mais escuro, repleto de trevas, não se falam ou conversam e sequer são capazes de uma pauta mínima de diálogo em pleno momento de profunda crise econômica.

Muitos economistas que palpitam e nenhuma economia eficiente, o pauperismo de ideias se compara aquele da população hoje são mais de 55 milhões de brasileiros que se fizeram presente no acesso ao crédito que não reúnem condições de pagar o que devem.

Esse momento lúdico somente poderá ser rompido se cada brasileiro juntar e unir forças no desiderato de um objetivo comum, o que é dificultoso, pois carregamos uma mentalidade tacanha do descobrimento. Os interesses de sobrevivência, ganância e ambição perpassam o coletivo.

Até quando continuaremos nos enganando mutuamente? O resultado dessa realidade é um naufrágio sem sobreviventes.


Carlos Henrique Abrão
Doutor em Direito pela USP com Especialização em Paris, é Desembargador no Tribunal de Justiça de São Paulo.

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