segunda-feira, 23 de julho de 2018

Fratura Política e Fartura de Candidaturas

Carlos Henrique Abrão e Laércio Laurelli

Há um desânimo generalizado pós-copa do mundo para com as eleições que serão realizadas no mês de outubro. A fratura política é correlata à fartura de candidatos e dizem que o povo não sabe votar. É verdade, acreditamos que há duas situações distintas. O voto obrigatório é desnecessário e a propaganda também, mas os chefes de partidos, caciques, nos colocam em delicadas realidades que não correspondem ao aspecto da representatividade.

Precisamos quebrar as amarras de políticos profissionais, velhos candidatos que se lançam com mais de 70 anos de idade querendo fazer agora na terceira idade o que não foram capazes de realizar outrora, e a simbiose pede espaço para que candidatos se lancem debaixo para cima. Podemos explicar tal qual a democracia norte americana e nos países europeus, no Brasil como em todo o cenário da América Latina são exatamente os mesmos que se revezam e agora timbrados pelo viés da reeleição, a qual deve ser definitivamente banida.

O mandato presidencial seria de cinco anos e com veto à reeleição, portanto não haveria desperdício de dinheiro público e arrefecimento do congresso na aprovação de diretrizes e novas legislações. Ao lado disso poderemos perguntar se o País está numa crise sem precedentes qual a razão de tantos candidatos, se a política está completamente desmoralizada e corroída pela corrupção?

As mordomias ainda permanecem tal qual ajudas, planos de saúde,correio, passagens aéreas e a possibilidade de se contratar administrativamente por meio de licitação, muitos que enriquecem na política sabem que não há terreno mais fértil do que o caminho específico, já que as instituições não funcionam,e o Supremo Tribunal Federal faz um mix desacertadamente de imunidade a confundir com impunidade.

Já no ocaso do mensalão percebemos essa circunstância que hoje está contaminando a tudo e a todos e piores dias se aproximam para a
deflagração de um garantismo sem precedentes e mudança de paradigma favorável ao crime organizado e quadrilhas de empresários e grupos políticos os quais jamais abdicarão do poder para servir à sociedade civil e à população.

O que acontece no Brasil é inacreditável inenarrável. Os estados quebrados, as comunas sem recursos financeiros, a saúde mercantilizada, e a sociedade depauperada, são mais de 60 milhões listados no cadastro negativo e tanto quanto de empresas as quais não conseguem pagar suas contas e avançam no  refinanciamento da dívida tributária. O Brasil precisa ressurgir das cinzas, não com tantos candidatos e uma política menor, franciscana, no máximo seriam 6 vestindo a camisa com as cores do Brasil e empurrados pelos debates teríamos apenas 3 os quais já poderiam avançar rumo às eleições.

O modelo político partidário é um monstrengo, aberração, o dinheiro público drenado para as campanhas igualmente, essa famigerada dualidade se transforma no mais nocivo elemento para os interesses da sociedade. Haverá um contingenciamento de votos brancos, nulos e abstenções que poderão bater a casa da metade dos votos validos e sem dúvida a grande questão, ou mudamos radicalmente o nosso modelo político ou reconstruimos a democracia e papel,haja vista que a ditadura econômica nos coloca no atraso e na pior posição possível em relação aos Países de ponta.

Em todo o momento se cogita de alianças espúrias e ambicionando cargos e rolagem de dinheiro público,o cidadão é o último a saber e a participar tudo é tratado no andar de cima na calada da noite e no dia seguinte a
mídia noticia que temos mais surpresas no processo eleitoral. A se manter essa miopia política com fratura de representatividade e fartura de candidatos continuaremos a remar contra a maré e não avançaremos nas principais metas de conter o gasto publico,reforma da previdência e tributária.

O Brasil está paralisado, com milhões de desempregados e um parque industrial sucateado, nossos políticos não enxergam ou não querem ver o que sucede nas ruas e nas casas,preferem o doce lar de Brasília, cuja linguagem mais conhecida é de se levar vantagem,e é por tal deslize que ainda não teremos um futuro melhor, pois que nossa classe política somente olha o próprio umbigo e se esquece de enfrentar a guerra da crise que provocou a fuga de milhares de brasileiros e empobreceu milhões de cidadãos.

Carlos Henrique Abrão (ativa) e Laércio Laurelli (aposentado) são Desembargadores do Tribunal de Justiça de São Paulo.

Alerta Total


Nenhum comentário: