terça-feira, 10 de abril de 2018

'Forma de governo dos esquerdistas e comunistas não funciona', diz bilionário fundador da Azul

Ricardo Senra

David Neeleman nasceu e viveu em São Paulo até os sete anos de idade, mas fala português com um sotaque tão forte que parece americano.

Dono de uma fortuna de 3,8 bilhões de dólares, acionista de seis companhias aéreas nos Estados Unidos, na França, em Portugal e no Canadá e no Brasil – onde fundou a Azul – e missionário mórmon, com sete filhas e dois filhos, ele agora sugere um sotaque parecido para a política e a economia brasileiras.

Em entrevista à BBC Brasil nos corredores da Universidade de Harvard, nos EUA, Neeleman, que tem dupla cidadania americana e brasileira e mora com a família nos EUA, defendeu um Estado mínimo, com faculdades públicas pagas e investimento prioritário em segurança.

Diz que o governo brasileiro gasta muito e que os brasileiros esperam demais dos políticos – enquanto os americanos esperam apenas que eles "não atrapalhem".

Suas teses funcionam como janela para o que defendem alguns dos membros da minúscula fatia ocupada por bilionários na sociedade brasileira (exatos 36 homens e seis mulheres): cortes no funcionalismo público, redução de impostos para empresários, renovação nos partidos e estímulos fiscais para investidores.

"O dinheiro (público) tem que ser cuidado, é dinheiro sagrado, do povo."
Ativo no Instagram, onde publica imagens esquiando em Utah ou se exercitando em frente a um laptop com a filha (coleciona 18 mil seguidores, muitos vindos de sorteios de passagens grátis), ele dividiu mesa sobre "Competitividade, gestão e tecnologia" com outros super-ricos que compartilham de suas visões na Brazil Conference, realizada no último fim de semana por iniciativa de alunos de Harvard e do MIT.

O principal patrocinador do evento é o empresário brasileiro Jorge Paulo Lemann, 29º homem mais rico do planeta, segundo a revista Forbes, com patrimônio estimado em 27,4 bilhões de dólares.

Na conversa com a BBC Brasil, Neeleman se esquivou de apontar um favorito para as eleições de 2018, mas diz que PT, PMDB e PSDB são corruptos e que o país precisa de um presidente "patriota".

"A forma de governo do lado da esquerda, os esquerdistas, os comunistas, nós já vimos que não funciona", afirma, defendendo alguém "mais para o meio até um pouco para a direita".

"Com Lula preso ou não, precisamos de sangue novo", acredita.

BBC Brasil a Boston (EUA)


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