sábado, 17 de outubro de 2015

Combate à hegemonia do dólar norte-americano

Monitor Mercantil

Hong Kong – A ambição chinesa de internacionalização do iuan é cada vez maior e o que está verdadeiramente em jogo em termos econômicos e geopolíticos é, por um lado, a resistência dos EUA contra aquilo que a China sente como um direito seu inalienável, que é de ter uma voz mais forte nos organismos internacionais, incluindo o Fundo Monetário Internacional(FMI) e, por outro, o fato de o governo de Beijing estar promovendo uma certa multipolaridade no sentido de existirem diversas moedas e uma menos dependência ao dólar norte-americano. Há tempo a China defende a tese de que o mundo unipolar não incentiva o crescimento econômico e não beneficia a paz mundial.

Os EUA enfrentam duas versões de uma nova Guerra Fria: Politicamente, com a Rússia e, economicamente, com a China. A China em busca de promoção comercial em diversas línguas apoia o fim da exclusividade da língua inglesa e, por isso defende uma Europa mais forte. E a internacionalização da moeda tem estes componentes de economia política internacional. A China é a maior economia do mundo sob o ponto de vista das trocas comerciais.

Mas o iuan (renminbi) tem sido muito pouco utilizado e há quem diga que “numa transação com duas moedas em jogo – uma para importações e, outra para exportações – devem calcular-se esses dois movimentos como tendo uma base de 200%”. Assim, neste critério e, segundo dados oficiais divulgados, o iuan representaria apenas 2,2% dos movimentos totais. É muito pouco, pouquíssimo, tendo em vista o Produto Interno Bruto(PIB) da China e, sua força no comercio internacional global.

Absolutismo do dólar

Nas transações comerciais, o domínio do dólar é de 80%, enquanto o euro é representado em cerca de 40%. Em outros casos, os valores variam, mas, o dólar norte-americano tem sempre a maioria absoluta. Estudos feitos, por exemplo, em relação a participação da Austrália na internacionalização do iuan indicam que o custo das operações de câmbio, mais o risco cambial representam cerca de 1,5% do valor da transação. É muito, considerando que as transações envolvem sempre trilhões. Já as liquidações não são feitas diretamente. No caso de commodities, como petróleo e gás natural, a cotação internacional é feita em dólares norte-americanos. É difícil fugir. Este é um dos problemas da internacionalização do iuan.

As trocas comerciais são privilegiadas, mas é preciso que existam mecanismo e infraestruturas financeiras capazes e em custos competitivos. Teoricamente, são afastados o risco cambial e o custo do câmbio. Falta saber qual é o custo real do iuan nas operações com esta moeda.

A China já tem contratos swap com cerca de 28 países, incluindo Suíça, Alemanha, Grã-Bretanha e Cingapura que é um dos maiores centros comerciais depois de Hong Kong. Estes contratos permitem que os bancos centrais tinham acesso ao iuan, ou seja, o Banco Central providencia para os bancos comerciais moeda chinesa, liquidez fundamental para a internacionalização.

Simultaneamente, quanto mais países tiverem contratos swap isto é melhor para o iuan, porque se as transações forem feitas por um número reduzido de parceiros isto impede as vantagens das economias de escala. Quanto mais parceiros houver, maior será a confiança, a credibilidade e, a experiência adquiridas.

Os EUA estão desconfiados, por exemplo, em relação ao Banco de Infraestruturas da Ásia, que é uma iniciativa da China. Já os europeus são mais abertos. Aqui, em Hong Kong circula um livro editado pelo Deutsche Bank promovendo de forma altamente esclarecedora a utilização do iuan. E explica que transacionar em iuan na Alemanha equivale, quase, a transacionar em dólares norte-americanos. Os europeus, de um modo geral têm interesse em que haja alternativas e, sempre tiverem um certo fascínio pela China. Apesar de alguns altos e baixos naturais é uma parceria reconhecida pelos governos e os empresários de ambos os países.

Tensão e consistência

Sempre houve quem defendesse que os EUA e a UE deveriam acertar posições com a China. Mas, também, há quem ache que, sendo os EUA um aliado preferencial, a Europa deve manter uma certa independência quanto à sua política externa e a segurança comum.

A UE tem uma parceria estratégica global com a China, embora, por vezes, seja muito difícil caracterizá-la,

seja na teoria, seja na prática. A Europa e a China fazem parte desta grande massa continental denominada Eurásia. E para a paz, segurança e desenvolvimento deste enorme pedaço do mundo onde concentram-se as civilizações mais antigas, é de interesse de todos trabalharem em conjunto.

A China lançou um fundo internacional de ouro que pretende atingir um valor total de 100 bilhões de iuanes (cerca de US$ 16,4 bilhões). A iniciativa é liderada pela Bolsa de Ouro de Xangai que conta com investimentos de 60 países.

O fundo deverá operar no âmbito geográfico da Nova Rota da Seda impulsionado pelo próprio governo chinês para reforçar a sua posição como centro comercial e financeiro da Ásia. A nova entidade deverá investir em projetos de mineração de ouro em países situados na Nova Rota da Seda e, aumentar a extração em países como Afeganistão e Casaquistão.

A sede do fundo é na cidade de Xian, no noroeste da China. Anotem que, China é o maior produtor mundial de ouro e, entre seus planos é a abertura de seu mercado de ouro para o exterior, atribuindo maior peso à sua moeda, quando fixar os preços de ouro.

Lee Wong - Sucursal do Sudeste Asiático.

Brasil Soberano e Livre



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