sábado, 23 de maio de 2020

China e sua estratégia

Martim Berto Fuchs

Depois que a China aposentou os ideais macabros de Mao Tsé Tung, e abandonou o comunismo burro e assassino copiado da URSS, eles mantiveram o regime comunista mais por uma questão de praticidade, pois esse regime já dominava o povo pelo terror. E também não poderiam, de uma só vez, dar sumiço nos milhares de comunistas enquistados em postos chaves do partido comunista, da administração pública e do exército.

Mas gradativamente foram descartando os antigos mandantes e substituindo-os por “comunistas” favoráveis à economia de mercado.

Aceitaram, mediante cláusulas bem pensadas, a instalação de empresas estrangeiras na China, como já havia em Taiwan, que aproveitaram a mão de obra farta e barata, existente e disponibiliada. Detalhe: sem sindicatos para infernizar a vida dessas empresas.

Marcas famosas de todos mundo fecharam suas empresas nos países de origem, e se estabeleceram na China.

Passaram a exportar seus produtos ao preço de custo, custo baixíssimo, ganhando na venda destes produtos nos países do ocidente, verdadeiras fortunas. Um negócio da China.

Agora que as indústrias do ocidente se estabeleceram quase todas lá, inclusive empresas brasileiras, e os chineses juntaram trilhões de dólares de reservas, sim TRILHÕES (só em títulos do Tesouro americano eles tem 3 trilhões), estão passando para a segunda fase da estratégia.

Começaram a comprar empresas estabelecidas nos outros países, principalmente ligadas à matéria prima, e agora serão eles que exportarão os produtos para a China, e, detalhe, também à preço de custo.

A URSS tentou conquistar o mundo pela força, e a Rússia ainda usa desta estratégia caríssima, com resultados duvidosos.

A China está começando a conquistar o mundo sem ter gasto fábulas de dinheiro com armamento, apenas usando as mesmas estratégias usadas pelo capitalismo liberal.

Como que os países ocidentais vão se opor, se eles estão fazendo conosco o mesmo que fizemos com eles ?

A globalização, inclusive para os americanos, alemães e outros, era boa até há pouco. Como que agora que passamos a experimentar do mesmo remédio, ela não serve mais ?

Não adianta nós, no Brasil, querermos enfrentar esta situação, apenas gritando aos quatro cantos que os “comunistas” estão comprando o país.
O Brasil, para não se tornar filial da China, tem que, de uma vez por todas, fazer o dever de casa, que nunca fizemos. Apenas para ilustrar: em 1984 o Brasil era a 11ª economia do mundo e a China a 21ª.

Algumas das medidas por eles postas em prática abaixo de chicote, aproveitando o regime autoritário, que eles vão abrandando muito lentamente, da época do comunismo:
1. Abandonaram quase que totalmente a produção através de empresas estatais – as empresas estatais que sobrevivem, ou dão resultados positivos, ou são fechadas.
2. Não tem garantia de emprego para ninguém.
3. Quem não trabalha, não come.
4. Investiram pesado em produtividade e eficiência.
5. Tomaram rigorosas e severas medidas contra a corrupção. A Lei lá é simples e clara, sem interpretações dependendo do réu.

E nós, vamos apenas reclamar contra os chineses por estarem comprando, legalmente, terras e empresas ? Ou vamos, através de um Governo forte e honesto, mudar nossas Leis e fazer com que os Três Poderes funcionem em prol do país e não em prol de uma casta de aproveitadores ?

Em algum momento da nossa história temos que enfrentar as CAUSAS dos nossos problemas. Não podemos, como nossas elites sempre fazem, atacar apenas as conseqüências, refazendo a pintura externa da nossa casa, deixando o interior velho, bolorento, mofado, e cheio de traças e cupins.

A oportunidade que temos com o Presidente Bolsonaro não pode ser desperdiçada. Não sei quando teremos outra. Depois de tudo vendido, não adianta mais reclamar, se ainda nos for permitido reclamar.


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