Augusto Nunes
Especialmente impressionado com o que batizou de
“discurso da mandioca sapiens – o novo ícone do governo de Dilma
Rousseff” ─. o jornalista Celso Arnaldo Araújo mantém internada desde ontem a
recordista em hospedagens no Sanatório Geral.
Vai continuar por lá mais algumas horas, determinou o descobridor do dilmês no
recado em que pinçou um dos dez piores momentos da mais bisonha e implausível
oradora da história do Brasil:
“Então, aqui, hoje, eu tô saudando… eu tô sandando
a mandioca. Acho uma das maiores conquistas do Brasil”.
O vídeo de 48 segundos sopra que, pelo que disse
antes e depois de anunciar que a mandioca ─ como a Copa de 1958, a
Independência, o milésimo gol de Pelé, o desfile inaugural na Sapucaí ou a
primeira visita do Papa ─ figura entre as mais extraordinárias façanhas
nacionais, Dilma deve permanecer no Sanatório mais alguns meses. Ou anos. Ou
para sempre, sugere a contemplação do torturado e torturante funcionamento do
maquinismo mental resumido num neurônio só. Tente acompanhar o palavrório sem
pé nem cabeça:
“Nós tamo comungando a mandioca com o milho, e
certamente nós teremos uma série de outros produtos que foram essenciais para o
desenvolvimento da civilização humana ao longo dos séculos“, começa o trecho do que foi, na imagem de Nelson Rodrigues, uma
patuscada inverossímil da cabeça aos sapatos. Na continuação, entra a
celebração da mandioca. A plateia endossa a maluquice com risos e aplausos.
Segue o baile.
Com um estranho objeto na mão esquerda, a
presidente explica o que é aquilo. “Pra mim essa bola é um símbolo
da nossa evolução. Quando nós criamos uma bola dessas, nós nos transformamos em
homo sapiens”. Faz uma pausa ligeiríssima, capricha no sorriso superior e corrige: “Ou mulheres sapiens“. Termina o vídeo.
Mas o enigma continua: o que houve com a Doutora em
Nada que vai tornando muito pior o que aparentemente alcançara os limites do
péssimo? O falatório na abertura dos Jogos Mundiais dos Povos Indígenas
confirma que, depois de confessar que poucas coisas na vida são mais aprazíveis
que caipirinha com tequila, Dilma deu de enveredar pelo traiçoeiro terreno da
ambiguidade, apimentando o idioleto que inventou com expressões que, em
português, podem significar isto, aquilo ou outra coisa muito diferente. Há uma
semana foi o rego. Agora é a mandioca.
Se o impeachment por excesso de delinquências
tropeça em malandragens de rábula, que tal resolver o grande problema do Brasil
com a interdição por falta de cérebro? Quem exuma mulheres sapiens e
faz declarações de amor à mandioca é incapaz de governar sequer a derradeira
oca habitada pelo único sobrevivente da última tribo isolada nos confins da
Amazônia.
Augusto Nunes
Direto ao Ponto
Veja
24/06/2015
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