Carlos Newton
Não há a menor perspectiva de final feliz para a crise política, 
econômica, social e ética que devasta o governo federal. São escândalos e
 notícias negativas que se acumulam, inexoravelmente. A grande mídia nem
 precisa fazer manipulação, basta publicar o que está acontecendo, sem 
maiores comentários. E a tendência é a situação piorar, 
progressivamente, para desespero da troika formada pelo Planalto, PT e 
Instituto Lula (não necessariamente nesta ordem).
Não há dúvida de que Dilma Vana Rousseff virou uma espécie de rainha 
da Inglaterra, que reina, mas não governa. A administração federal está 
absolutamente paralisada e o país caminha com as próprias pernas, 
vivendo uma experiência surrealista de “laissez-faire”, que pode até ser
 positiva, pois é melhor não ter governo algum do que suportar um 
governo tão incompetente.
A presidente poderia se manter assim até o fim do novo mandato, 
ninguém ligaria, como aconteceu recentemente na Bélgica, que passou 
vários anos sem ter primeiro-ministro, não entrou em crise econômica ou 
ética, seguiu se desenvolvendo, uma maravilha. Mas acontece que aqui no 
Brasil as coisas estão bem diferentes e Dilma Rousseff tem muito mais 
problemas do que a simpática e educada rainha Fabíola.
ESCÂNDALOS EM SÉRIE
Neste início de mandato, as investigações da força-tarefa da Operação
 Lava Jato já estão encontrando cada vez mais provas sobre gravíssimos 
atos de corrupção em outros setores do governo, como a construção de 
hidrelétricas e ferrovias. E na fila, aguardando apuração, estão os 
fundos de pensão, o BNDES, a Eletrobrás e outras estatais,  além do 
chamado Sistema S e de muitos ministérios.
Na verdade, é um nunca-acabar de escândalos, que não atingem apenas o
 Executivo, pois a opinião pública está consciente de que Legislativo e 
Judiciários também estão  apodrecidos. Embora o país esteja mergulhado 
numa gravíssima crise econômica, os salários das autoridades dos Três 
Poderes estão cada vez mais altos, com inaceitáveis mordomias, incluindo
 os cartões corporativos, cujos gastos são mantidos sob sigilo absoluto,
 vejam a que ponto essa gente chega.
Não há governo capaz de resistir a tamanho bombardeio. É ilusão achar
 que Dilma Rousseff possa acabar incólume como Lula, simplesmente 
repetindo que não sabia de nada.
SEM APOIO ALGUM
A situação se complica ainda mais, porque ninguém consegue apoiar 
Dilma Rousseff, nem mesmo o ex-presidente Lula, que a conduziu ao poder.
 Na semana passada, o grupo majoritário do PT divulgou um manifesto de 
críticas ao governo federal, com ponderações compartilhadas por todas as
 demais alas do partido.
As centrais sindicais também já desembarcaram do governo. Durante 
evento organizado pelos movimentos sociais na última terça-feira, o 
presidente da Central Única dos Trabalhadores (CUT), Vagner Freitas, 
criticou os tarifaços de luz, da água e dos combustíveis, além das 
propostas do ajuste fiscal do ministro Joaquim Levy.
No Congresso, não existe mais base aliada desde o início de 
fevereiro, quando o presidente Eduardo Cunha (PMDB-RJ) instituiu o 
primado regimental dos blocos partidários e assumiu pessoalmente o 
comando do principal deles, formado por 227 deputados, deixando o PT 
completamente isolado.
Por fim, é sempre bom lembrar que nunca antes, na História deste 
país, um governo conseguiu se preservar no poder sem contar com apoio da
 maioria dos parlamentares. O resto é folclore.
Carlos Newton  -  editor da Tribuna da Internet 
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