quinta-feira, 6 de fevereiro de 2014

Comentário do blog sobre artigo "É a estrutura, enroladores" enviado por Adriano Benayon.

"17. Colocar o Brasil no caminho da industrialização, com produção de bens de alto valor agregado e intensidade tecnológica é tarefa que não há como realizar sem as mudanças estruturais rejeitadas pela atual estrutura de poder, dominada pelos concentradores, que controlam também o processo político e os centros formadores de opinião, inclusive a mídia."

A primeira pergunta é:
- Por que o lullo-petismo e sua base enlameada, há 12 anos no poder, não apresentaram sequer um projeto para a sociedade, visando alterar este estado de coisas ?

Façamos um rápido comparativo entre as histórias dos EUA -Estados Unidos da América e os EUB - Estados Unidos do Brasil.

1. Independência:
1.1. EUA - 1776. Se tornaram completamente independentes da Inglaterra e repudiaram a Monarquia em todas suas formas, adotando desde o início a República Democrática.
1.2. EUB - 1822. Se tornaram teoricamente independentes de Portugal e completamente dependentes da Inglaterra, pois o preço da "Independência" foi a servidão para os ingleses; mantendo a Monarquia Absolutista.
1.2.1. EUB, depois de servir de capacho para Portugal e Inglaterra, "proclamamos" a República (1889), instituimos a Monarquia Republicana, não mais de pai para filho e sim o cetro sendo disputado agora entre os comensais da Corte, e fomos nos arrastar e mendigar junto aos EUA.
1.2.2. EUB, atualmente: servimos de capacho (complexo de vira-latas, Nelson Rodrigues) para quem mais pagar pela manutenção do ócio e fausto da Corte, impune e festivamente ocupada pelos oligarcas, burgueses e sindicalistas pelegos, os novos ricos. Ainda estão aprendendo a roubar, tanto que se deixaram apanhar infantilmente.
2. Constituições:
2.1. EUA, à partir de 1776, uma, com 25 emendas.
2.2. EUB, à partir de 1822, sete, mais um número infinito de decretos, atos institucionais, emendas, decretos-leis, medidas provisórias, PEC, etc.
3. Sindicalismo:
3.1. EUA. Copiaram e aperfeiçoaram o trabalhismo ingles. Foi uma luta feroz com os empresários até conseguir impor um "modus vivendi" adequado às duas partes, mas o resultado logo se fez sentir. Primeira potência mundial há muitas décadas.
3.2. EUB. Getúlio Vargas, que traiu os companheiros de golpe tornando-se ditador, 1930, preferiu dispensar o serviço de Lindolfo Collor no Ministério e colocar um capacho que aceitou a imposição de institucionalizar o sindicalismo fascista da Itália, do ditador Mussolini, dependente e subserviente do Estado, para poder também controlar os trabalhadores. O resultado aí está. Um sindicalismo pelego que até hoje rasteja junto aos governantes de plantão, se forem de esquerda, e atrapalha as relações entre as partes, se forem de direita,  e inimigo declarado das empresas.
4. Empresas:
4.1. EUA. Cresceram sem limitações de nenhuma ordem, sendo hoje multinacionais ou transnacionais, muitas com filiais aqui no Brasil.
4.2. EUB. Comecei trabalhar em definitivo, não apenas nas férias, em nov/1965. Técnico industrial. De lá até 1994, Plano Real, creio que quebraram todas, ou quase todas, que já funcionavam em 1965. Com uma diferença. As empresas que pertenciam aos burgueses da Corte, após a quebra, os proprietários ficaram mais ricos, como até hoje acontece.
4.2.1. As empresas nacionais tem contra si os sindicatos pelegos, a Justiça do Trabalho, os bancos e seus juros e um sócio insaciável e traiçoeiro, o governo, que fica com 40% da produção sem praticamente nenhuma contrapartida.

Diga-me caro Adriano Benayon. Como você quer reverter essa situação, sem que seja em primeiríssimo lugar enquadrando o governo ? Ou eventualmente sua proposição seria voltarmos as empresas dos políticos, vulgo estatais, desta vez porém, todas elas seriam pseudamente do Estado, como na antiga URSS ?
A minha proposta, muito clara, sem subterfúgios, está completamente delineada em Capitalismo Social, agosto de 2012, aqui no blog.
Não adianta apenas mostrar os efeitos sobre a sociedade, desta estrutura errada desde sempre, 1808, e menos ainda culpar sempre os estrangeiros por nossas mazelas.
Temos que encarar a nossa dura realidade, que é sermos reféns de um Estado que é um fim em si mesmo. Enquanto esta estrutura persistir, apontar efeitos é chover no molhado. Daqui 10 anos estará tudo igual, ou, mais provável, pior.
José Bonifácio de Andrada e Silva, que trabalhou para as duas Cortes, tanto a portuguesa como a brasileira, em cartas para os amigos, queixava-se amargamente do descalabro que eram as mesmas, tanto lá como aqui. Era uma opinião respeitável e conhecia bem o horror ao trabalho que esses inúteis tinham, e tem. Sombra e água fresca era e é seu lema, hoje agravado pela roubalheira que é protegida e incentivada pela mais descarada impunidade.


Capitalismo Social. Projeto completo: agosto 2012.

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